Foi uma longa jornada. Em um ano – entre junho de 2011 e julho de 2012 –, a paulista
Andreia Dias correu nove cidades do Norte e do Nordeste em busca da melhor música pop brasileira. Passou por Belém, São Luís, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Sergipe, Recife, Salvador e Maceió mapeando as cenas locais, compondo, produzindo e gravando faixas em dueto com artistas emergentes. Nasceu assim “Pelos Trópicos”, terceiro disco da cantora e compositora, que chega ao público agora em janeiro.
Projetada na
banda DonaZica, Andreia vem de dois álbuns individuais importantes – sobretudo o primeiro, “Vol.1” (2007), uma espécie de precursor de muita coisa que se tornaria voz corrente na efervescente cena de São Paulo a partir de então. Já estavam naquele disco, por exemplo,
Fernando Catatau (o guitarrista mais emblemático dessa geração), Yury Kalil (produtor do primeiro Thiago Pethit, “Berlim Texas”, de 2010),
Marcelo Jeneci (que se lançaria em carreira solo bem sucedida três anos depois) e
Gustavo Ruiz (que pilotaria os dois discos da irmã
Tulipa, mais bem sucedidos ainda).
Acima de tudo isso, estavam ali as composições renovadoras da Andreia – com poesia contundente, irônica, incomodada. Tudo bem diferente do que vinha acontecendo no Brasil até ali.
Acabou que nem esse “Vol.1” e nem o trabalho seguinte, “Vol.2” (2010), deram a Andreia a merecida repercussão. Ruim para nós. É de se torcer eles se iluminem, em valorização retrospectiva, agora que “Pelos Trópicos”, mais pop do que os anteriores, vem à tona.
Quando “Pelos Trópicos” estava à beira de ir para a fábrica, Andreia me mandou, junto com as gravações, um “quem é quem”, um faixa a faixa, um cidade por cidade, uma bula do disco. Sei que, se eu colocar tudo aqui, esse post vai ficar grande demais – e ninguém gosta de posts grandes demais. Mas, vá lá: não resisto. E colo aqui embaixo o Norte e Nordeste do Brasil, pelas palavras de Andreia Dias.
Os sons eu vou mostrando no programa “Com a Boca no Mundo”, todas as quintas-feiras, às 21h, na www.oifm.oi.com.br. Até já!
BELÉM:
Léo ChermontÉ um dos grandes guitarristas de Belém, porque, acima de tudo, o talento dele é marcado pelo ecletismo. Pesquisador da cultura popular, toca ao lado de grandes nomes tais como: Dona Onete, Metaleira do Amazonas, Chico Braga e Seu Laurentino, entre outros.
BELÉM:
Felipe CordeiroÉ o cara de Belém! Primeiro expoente da nova geração da sempre efervescente cena musical do Pará. Cantor, compositor e instrumentista, a sonoridade do músico é permeada por ritmos amazônicos que vão da lambada ao carimbó, da guitarrada ao atualíssimo tecnomelody, sons embalados com a ironia do brega e do pop retrô revisitados.
SAO LUÍS:
Projeto CriolinaA dupla de artistas maranhenses Alê Muniz e Luciana Simões, do projeto Criolina, misturam a cultura maranhense, imagens cotidianas e ícones ultratropicais: os mestres da cultura popular do Maranhão e os pregoeiros. Assimilam muito na alma o som “caliente” dos trópicos. Meus queridos!
FORTALEZA:
VitorianoNatural de Fortaleza, essa personalidade forte, faz música popular experimental com sotaque bem cearense, onde melodias simples e letras diretas se misturam a arranjos psicodélicos e texturas cruas. Ironia e humor dão tom ao seu som pop maluco contemporâneo. Cantor e dançarino, seus shows são animados e tem uma pegada vanguardista tropical. Um luxo!
NATAL:
Banda Talma & GadelhaÉ uma banda bem nova de Natal, que surgiu a partir do Projeto Incubadora, no encontro desses dois compositores e cantores da cena de Natal, Simona Thalma e Luiz Gadelha. Fazem um som pop rock justo e tem um público animado. Turminha do barulho.
JOÃO PESSOA:
Banda CabruêraMistura influências do cancioneiro popular nordestino com diversas tendências musicais. São muito ecléticos e vão do popular ao erudito com muita tranquilidade.
SERGIPE:
The BaggiosA banda tem a peculiaridade de ser formada por apenas dois integrantes: Julio Andrade (guitarra e voz) e Gabriel Carvalho (bateria). E soam como cinco caras tocando! Os acordes envenenados da The Baggios misturam ritmos tradicionais, como o blues, passando pelo rock sessentista e ao garage rock.
SALVADOR:
Banda Baiana SystemTem um formato que possibilita diversas combinações, “sistemas”. Com isso, amplia a ideia de sound system para novas timbragens, estéticas e formações musicais. A guitarrinha baiana de Robertinho é muito contagiante.
RECIFE:
Zé CafofinhoZé Cafofinho é o alter ego do multi-instrumentista pernambucano Tiago Andrade. Até ligar e conversar com ele, eu não sabia que o Zé Cafofinho era meu conhecido de 10 anos atrás, da banda Songo. Quando liguei pra ele, foi uma surpresa. Gosto do jeito como ele toca e incorpora a viola de arco, e do jeito meio “roots” com que toca e cantas suas coisas. Muito autêntico.
MACEIÓ:
Banda EekO mais legal dessa banda, além dos caras tocarem muito, é que é um grupo de amigos fazendo a música na qual acredita: o rock n’roll. São independentes e tocam com sangue nos olhos. Generosos e atenciosos, me receberam com muito carinho.