Por Fábio Farias
quarta-feira, março 30, 2011, 1:26
Revista Cartoze
“Matando o Amor” pode até soar um tanto piegas, mas é um dos melhores discos lançados em Natal nos últimos – sei lá – dez anos. Seja pelos arranjos que viajam pelo pop, passando pelo rock’n’roll e desaguando no blues, todos harmonicamente bem pensados, seja pelas boas letras, por essa flerte com o pop de qualidade – inédito em Natal.
Traçar o paralelo é quase que natural: Pato Fu. Mas não o Pato Fu, algo como um disco deles com uma sonoridade própria, com raízes dos músicos daqui. Não uma cópia, uma inspiração dentro de uma leitura na onda do pop bem feito de uma das melhores bandas do país. É desnecessário esgotar as dez faixas do disco para notar o quanto tudo ali está bem encaixado. “Matando o Amor” é o álbum potiguar mais maduro que me lembro de ter ouvido.
O disco é, em si, uma mistura de influências. É perceptível o dedo mais rocker de Henrique Geladeira, um dos membros da Calistoga, e a pegada blues que Simona Talma aprimora a cada novo trabalho. O ponto alto do CD está na baladinha “Roqueiro e a Hippie”, interpretado (e muito bem) por Simona e no próprio hit que dá nome ao trabalho “Matando o Amor”.
Há também outras boas músicas. “Por que todo coração é burro” alia bem o peso da guitarra com a o vocal de Simona Talma. A pegada rockabilly de “Mais uma Cereja” se destaca, seja pela quebra na ordem das músicas do disco, seja pela letra que gruda na cabeça: é um som para colocar todo mundo para dançar. As outras são boazinhas, em geral acima da média e conseguem compor esse que é um disco completo, fácil de gostar.
Lançado na internet numa terça-feira, virou fenômeno. O show, no sábado, foi para coroar. A maioria das pessoas já sabia a letras. Formou-se uma fila para entrar no DoSol. O sucesso foi quase instantâneo e isso é o principal sintoma de uma banda que, em pouco tempo, pode escalar degraus maiores e pensar em turnês por outros estados. Talvez, emplacar na cena independente brasileira.
Há também – e aqui me valho de um relato pessoal – um quê de felicidade minha pela qualidade do trabalho. Simona Talma e Luís Gadelha são dois dos melhores músicos da cidade. Ambos tem excelentes trabalhos e, ano a ano, melhoram suas performances ao vivo. É bom vê-los juntos, num disco tão bacana, e em uma parceria com possibilidades tão grandes.
Eles conseguem, ao final, falar de amor, relacionamentos e agregados, sem cair no clichezismo e na apelação barata. “Matando o Amor” é maduro, coeso, agrada os ouvidos. Nasce não com um potencial, mas como o resultado da união de talentos diferentes da música potiguar.
FONTE:
http://revistacatorze.com.br/2011/o-pop-bacana-de-talmagadelha
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